Foto: DDiArte - Dançando com o Azul
Chegamos tarde para os Deuses e cedo demais para o Ser. O homem é um poema inacabado.
Martin Heidegger
Afetamos o mundo com nossas atitudes, e somos afetados por todas as atitudes do mundo. O sistema capitalista, cada vez Mais nos propõe como estratégia de consumo o individualismo, que contraditoriamente, tem promovido a uniformização e totalitarismo, como se fosse possível romper com a cadeia de interelações humano-cosmológicas. Isolados em nossos pensamentos, dúvidas e medos, nos perguntamos: que mundo é esse? Como chegamos a esse caos? Não compreendemos como mergulhamos num processo cego que nos faz crer, que olhando para fora e pagando por uma felicidade fabricada, ditada por um modelo poderoso e, no entanto, frágil e ilusório, seremos mais felizes. E assim, perdermos o foco principal, nossa real natureza interior, nosso árduo exercício de ser, sendo a cada dia, cientes e fiéis a nossa busca de sentido.
Talvez, estejamos realmente prestes a um naufrágio coletivo, talvez, a tecnologia possa nos oferecer soluções para os riscos ambientais eminentes, a tragédia mais que anunciada. Mas o que nos cabe agora? De que forma, podemos contribuir para que o planeta terra, possa imaginar e construir um futuro que nos honre como seres desenvolvidos? Conquistamos gigantesco progresso, mas a humanidade parece não ter atingido maturidade proporcional ao seu crescimento. Repetimos os mesmos erros, agimos com inconseqüência, negligenciamos a grande família humana. Abrimos mão das coisas simples e naturais. O ego tomou o lugar das nossas consciências, o orgulho e o egoísmo dirigem as condutas. Nossas crianças e jovens estão crescendo num mundo que causa grande apreensão e insegurança, e o que é pior, falta de significado. O que podemos fazer?
Vinha escrevendo até aqui, totalmente insatisfeita, sentindo insuficiência no meu propósito de transmitir algo que realmente traduzisse meus sentimentos tão abalados pelas condições atuais de nosso planeta, quando fui arrebatada pelo texto e análise impecável de José Castello para o livro As Pequenas Raposas de Lillian Hellman – ed. José Olympio. Talvez, na frase em que o colunista tenta compreender o estilo literário da escritora, cheio de pudor, (segundo ele) possa estar a resposta as perguntas que vinha fazendo. Ele diz: “O sucesso é bom, mas é perigoso. Ele nos fixa em imagens suntuosas, nos cobra uma coerência e uma constância que não temos, e - o pior – inibe o que temos de mais humano: a vocação para o erro.”
Nesse sentido, podemos pensar a espécie humana como um imenso sucesso, principalmente, considerando a história e o vertiginoso progresso que temos alcançado nos mais diferentes segmentos. Mas será que temos clareza dessa vocação para o erro de que nos fala José Castello? Será que escreveríamos uma história digna de um planeta tão paradisíaco, se tomássemos consciência de nossa propensão ao erro? E por fim Castello pergunta: “O que seríamos, se o medo não nos dobrasse?”.
Sim! O que seríamos? Se fizéssemos de nossas palavras ações, de nossa indignação, participação. Não apenas esperar melhores soluções, mas desenvolvê-las. Olhar para dentro, ousar acessar nossa fonte de luz, enfrentar sanções e censuras que nos impedem de arriscar por um mundo mais fraterno e justo, um mundo que se percebe tão semelhante na dor, no medo, e que no fundo, simplesmente deseja mais amor e solidariedade. O resto já encontramos pronto, uma velha e bela casa, o paraíso que habitamos.
Margareth Bravo
clique e amplie Foto: Ines - Um lugar
“ Coloquei minha casa sobre o nada, por isso todo o mundo é meu.” Goethe
Me diz... de cima do seu muro
O que me reserva o futuro?
Eu que mesmo com medo vou no escuro, agora te pergunto:
Somente sombras, ou nossa única certeza de destino?
O futuro não existe como fato consumado, ele mora no presente, naquilo que você desejar, naquilo que você arriscar.
Eu viajo até o futuro, só para te acordar.
Para dizer que o presente é o único tempo que existe e o único lugar.
Margareth Bravo
Foto: Arquivo pessoal
Depende de nós
Ivan Lins e Vitor Martins
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pra um mundo melhor
Depende de nós
Que o circo esteja armado
Que o palhaço esteja engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente precise sonhar
Que os ventos cantem nos galhos
Que as folhas bebam orvalhos
Que o sol descortine mais as manhãs
Depende de nós
Se este mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá
Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo para um mundo melhor
Olá Meg
ResponderExcluirA cada dia que passa assistimos calados a destruição do planeta. O Homem avança e a natureza reage, resultado: tragédia apoós tragédia. Acho que andamos tão descrentes que faltam forças para levantar a voz e lutar por alguma mudança. queria Deus 2010 seja um ano com soluçõe sp´raticas.
Um beijo
Feliz Ano Novo
Levantando sempre bandeiras em prol do próximo que anda esquecido , juntamente com planeta. Parabéns pela reflexão.
ResponderExcluir"...essa canção me rói feito um mistério, essa tristeza dói, meu sentimento é sério, como aéreo é sempre todo amor..."
ResponderExcluirTudo na vida da gente, é mistério, é provisório, é aéreo...frágil, como o equilíbrio da vida nessa nave-mãe que é o planeta Terra. Aliás, um grão de poeira, nesse infinito universo...o que nos torna - quando olhamos por esse prisma - mais solitários do que já normalmente o somos. Planeta Terra, deveria ser, na verdade, Planeta Água mas, insistimos em denominar de forma errônea, da mesma forma que nós, os seres humanos, insistimos em depreciar, poluir e degradar de maneira sistemática e cruel. Claro que existe um fio de esperança e, que tudo isso, um dia se modifique...em verdade, todas as palavras escritas antes dessas é para dizer que, mesmo tardiamente, achei esse blog seu, para lá de legal, como aliás, você é. Você, volto a dizer, sem a menor rasgação de seda, uma das pessoas especiais na minha vida e que, só por existir, faz a diferença.
Olá, sua visita lembrou-me do seu blog. Não que eu não acompanhe, ele faz parte em uma pastinha privilegiada em meus feeds, mas meus feeds passam vivem com numeração de "1000+": também, corrido vou pela vida, não que gostaria, tento digerir cada instante, mas nem sempre consigo... Mas Nietzsche já dizia que o esquecimento é uma alegria para a vida, e sinto compreender isso, de chofre sua postagem me deu alegrias hoje no trabalho, mas é aqui com algum conforto no lar que voltei para comentar!
ResponderExcluirPrimeiro a bela frase de Heidegger, confesso que vivo uma relação de amor e ódio (ambos devem ser face de uma mesma coisa) por ele, ódio por que tem também um Heidegger extremamente técnico em sua filosofia, de outro um Heidegger extremamente poético e misterioso mas que também depende do "técnico" para tentar compreender, mas com essa aí creio que "decifrei" um possível sentido pra ela, mas limito-me a não comentar por timidez das palavras.
E segundo, e o elemento mais significativo pra mim desse post, ser graciado com aquele sentimento de que "eu não estou sozinho, alguém também compartilha 'disso' comigo", e quanto isso é prazeroso pra mim!
Você disse: "Vinha escrevendo até aqui, totalmente insatisfeita, sentindo insuficiência no meu propósito de transmitir algo que realmente traduzisse meus sentimentos tão abalados pelas condições atuais de nosso planeta, ..." - o restante eu não continuo, porque nesse momento você encontrou uma saída, e eu nem sempre encontro saída, preciso olhar pro céu a noite, ouvir Beethoven e sentir um pouco de um tempo de neblina para vencer a "insuficiência" ou esse sentimento de que não se consegue dizer, não por não sabermos, mas creio por mais porque as palavras não são capazes disso, mas "esse aí" de muitas vezes se sentir "esmagado" pelo mundo...
Já me perdi no raciocínio, mas um muito obrigado, pois realmente senti, ao ler tal parágrafo um sentimento de "somos companheiros de existência" ;)
forte abraço, e obrigado!
Muitíssimo obrigada pelos comentários amigos, sinto-me muito feliz por tê-los aqui! É esse sentimento de sermos "companheiros de existência" de que fala o Adriel. um abraço muito carinhoso para vocês que enriquecem esse espaço.
ResponderExcluirmeg!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirque saudade!!!!!!!!!!!!!!!
quanto tempo!!!!!!!!!!
estou indo pouco no dihitt. te achei pq fui comer caviar no jorge ... hehe ... e li seu comentário choramingando ... vou te seguir, pra ficar mais perto .... beijo. re.
Oi, Meg querida
ResponderExcluirFiquei com esta frase do seu texto, para sentí-la neste domingo chuvoso: E por fim Castello pergunta: “O que seríamos, se o medo não nos dobrasse?”.
Obrigada por compartilhar comigo seu blog,estou curtindo muito.
bjk
Sasha (Mariana Babo)
Oi Sasha! Que bom ter você aqui!Veja que coisa interessante; ao ler seu comentário a frase voltou a fazer eco em mim, e agora está reverberando... quase como um mantra. Obrigada pelo seu carinho! beijosss
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